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terça-feira, 13 de abril de 2010

Mudança

Quando as brigas se tornam insuportáveis, o amor vai dando margem ao ressentimento e tudo passa a não ser mais como antigamente. Você fecha as janelas, a chaminé, as portas dos quatros, a porta da frente, mas deixa a porta dos fundos aberta. Só por precaução. Você põe a casa à venda. Não dá mais para viver dentro dela. Tem muitas goteiras. Está pequena para você que cresceu tanto. Você, então, muda de casa. Compra uma maior. Sem goteiras. Tudo vai bem até que um dia você passa pela antiga casa e percebe que ela não era tão ruim como ficou na lembrança. Ela já estava em negociação, de certo. Já havia até um possível comprador, mas ela ainda era sua. Embora a venda fosse iminente. Você, então, resolve matar um pouco a saudade e passa alguns dias dentro da velha casa. Você poderia voltar a morar nela. Você se sente estranhamente confortável ali, então por que não? Você definitvamente se vê morando de novo naquele velho lar. Mas de repente uma chuva ocorre. Você lá certa de que quer a velha casa de volta, quando percebe as goteiras. Parecem maiores e você passa a se incomodar com o tamanho da velha casa novamente. Ela volta a parecer pequena. Você, então, estressada, volta para a nova casa, abandonando a velha mais uma vez. Não adianta insistir em algo que já não é mais para ser. A solução é manter a porta fechada. Você, portanto, volta à casa abandonada, mas somente para fechar a porta dos fundos que você insistiu em deixar aberta. Você se muda, mas não adianta nada se esquece de levar seu coração. A solução é manter a porta fechada e o coração sempre em mãos.

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